sexta-feira, 6 de junho de 2008

INTOLERÂNCIA X FÉ


INTOLERÂNCIA X FÉ

A intolerância religiosa não está distante de nós, está presente no tempo. Não podemos simplesmente ignorar tal realidade. Nosso compromisso com a paz na terra começa no nosso dia-dia, dentro de nós, na nossa própria casa, no relacionamento com nosso próximo. Por tanto se faz necessário seguirmos todos a regra da filosofia, comum a quase todas as religiões: “Não façamos ao outro o que não queremos que seja feito a nós mesmos”.Mas a intolerância continua presente, desafiando a lei dos homens e a vontade do Criador. As religiões afro-brasileiras têm sido as principais vítimas dessa intolerância.
Terreiros de umbanda e candomblé são os locais de culto das religiões de base africana, tão sagrada quanto qualquer outro templo, ou qualquer religião. Porém, esses terreiros têm sofrido constantes ataques, em diversos pontos do Brasil. Seus templos, suas raízes e seus símbolos são marginalizados e destruídos, seguidores e simpatizantes da religião, são chamados de “adoradores do diabo” e suas celebrações e festas religiosas, são interrompidas de forma desrespeitosa, por pessoas de outras religiões.
Vale ressaltar a todos os seguidores das religiões afro no Brasil (Umbanda e do Candomblé), que o terreiro é um templo sagrado, ninguém de nenhuma religião ou crença, gostaria que tamanha violência fosse cometida contra seu próprio templo. Quem discrimina assim o seu semelhante comete, além de intolerância religiosa, comete um crime e o pecado chamado racismo. Racismo é crime porque assim diz a lei, e pecado porque o criador, conforme nos ensinam a todas as religiões, fez o homem e a mulher à sua imagem e semelhança usou até areia de todas as cores, como afirmam algumas tradições, para deixar bem claro que todas as cores, que todos os seres humanos são iguais.
Nossa história de colonização está marcada por lutas e dizimação de povos e culturas, tudo isso se deve ao abuso de poder e principalmente pela intolerância de outras culturas que aqui chegaram. A chegada do negro africano nas terras ainda “sem dono” demonstra de forma crua toda essa realidade que ainda nos acerca. Diversos povos africanos quando foram arrancados de sua terra natal, jogados em navios negreiros e escravizados no Brasil, mulheres e homens africanos tratados com tamanho desrespeito. Contudo resistiram, mantendo sua religião, sua fé em Olorum (o Criador) e em outras divindades. Perderam quase tudo, sua família, sua liberdade, suas vidas, mas não suas raízes, firmemente enraizadas na ancestralidade. Além de território sagrado, todos os terreiros de Umbanda e Candomblé são locais de resistência e preservação cultural, guardiões e mantenedores da memória de um povo que transformou todo o seu sofrimento em uma resistência que se perpetua ao longo dos tempos.
Tudo isso reforça e confirma que religião, fé e crença, são caminhos pessoais que se moldam com o tempo, entre a consciência e o espírito. O que cabe aos outros seres humanos, aos irmãos, é respeitar a escolha e a liberdade de cada ser.


“Ninguém nasce odiando
outra pessoa pela cor de sua
pele, por sua origem
ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas
precisam aprender;
e, se podem aprender
a odiar, podem ser
ensinadas a amar.”
(Nelson Mandela)

Trecho retirado da Cartilha: Diversidade Religiosa e Direitos Humanos

2 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Ken, gostei muito do seu texto! O que falta nas pessoas é informação. Uma parcela considerável da nossa sociedade tem uma visão/opinião distorcida e equivocada da nossa religião! Atribuo isso, também, à conduta de alguns adeptos da religião que utilizam de suas "hierarquias" para fugir do nosso grande objetivo, enquanto candomblecistas, que é servir o Orisà! Hoje, mais vale o luxo dos barracões e das festas, que a ritualística que há por trás de tudo! Mais vale a quantidade do que a qualidade! Além de ter muita gente marmoteira, que promete o que não sabe ou o que não pode cumprir. Sempre peço em minhas orações que Olorum e Olodunmare nos proteja e nos ilumine sempre! E nos guiem sempre pelo caminho certo e justo!
Bem, essa é minha opinião!
Se cuida!
Victor